Não é perseguição, mas os jornalistas continuam a questionar o papel dos assessores de gabinetes. Desta vez, confesso, surgiu um tema que ainda não me tinha passado pela cabeça: o anonimato das fontes dos gabinetes, vulgo assessores de comunicação. O assunto foi lançado pelo Ferreira Fernandes no DN, mas foi através do António Granado que foi replicado no Twitter.
Na essência, uma informação emitida pelo gabinete do primeiro ministro foi desmentida. A questão levantada por FFernandes e A Granado é o anonimato da fonte, que não permite o contraditório e, segundo F Fernandes “se a fonte não quiser explicar- -se, o jornalista, como houve mentira deliberada, está desobrigado do sigilo e pode contar a história toda.”
Granado, por sua vez, diz que “Como jornalista, nunca dei, nem nunca darei, anonimato a este tipo de gente. Se não querem que o nome apareça, há sempre uma solução: passem o telefone à pessoa que estão a assessorar.”.
Sobre a temática, surgem-me os seguintes comentários:
– Não é certo que a fonte do gabinete seja um assessor de imprensa (digo eu)
– A ser, o anonimato é inverosímil. Uma função profissional, exceptuando organizações secretas ou estruturas de defesa nacional, não é por natureza anónima.
– A função de um assessor de comunicação é garantir a verdade, pelo menos aquilo que acredita ser a verdade. Sempre na perspectiva da boa fé e da lealdade para quem trabalha.
A verificar-se uma contradição, só há uma saída para o assessor: demitir-se. Ou porque veiculou informação errada ou falsa deliberadamente, ou porque foi erradamente induzido a prestar falsas declarações pelo seu superior.
Não há outra forma de trabalhar em comunicação. É uma função que só pode viver em confiança. Da parte de quem o emprega, mas também da parte de quem utiliza as suas declarações (no caso, os jpornalistas). A confiança não é, certamente, um conceito abstracto ou anónimo.