Acabam de ser revelados os resultados do European Communication Monitor 2010, apresentados a semana passada em Bruxelas. O inquérito foi realizado em 46 países europeus com 1955 participantes, incluindo profissionais de comunicação portugueses.
Entre as várias conclusões, importantes para a auto-avaliação e caminhos de progressão dos profissionais de comunicação organizacional, destaca-se:
– os Departamentos de Comunicação são percepcionados como excelentes, pelos próprios responsáveis, quando são capazes envolver stakeholders (85,8%), mobilizar pessoas (82,1%) e influenciar processos de gestão (81,8%)
– 72,1% dos profissionais de comunicação consideram que ajudam a atingir os objectivos de negócio através da criação de intangíveis como a marca, a reputação e a cultura organizacional.
– 75,5% dos profissionais de comunicação consideram que são vistos como influenciadores de decisão pelo top management
– Comunicação Interna e Gestão da Mudança (+7,3%), Sustentabilidade e Responsabilidade Social Corporativa (+9,9%) e Personal Coaching e Formação (+9,6%) são as áreas de maior crescimento no horizonte de 2013
– Media sociais (+37%), Online media (+19,1%) e Comunicação online (+13,3%) representam os canais ou instrumentos de comunicação de maior crescimento.
Refinando um pouco a análise, percebemos que os profissionais de comunicação ainda têm a percepção que o seu foco é no apoio à estratégia usando actividades de comunicação, mas em menor percentagem se sentem responsáveis pela definição dos objectivos organizacionais, acrescentando a dimensão da comunicação à formulação da estratégia. Há, como dizem os autores do estudo, pouco “inbound”. Os profissionais de comunicação são sobretudo “boundary-spammers”, isto é falam e ouvem para fora da organização . Falam pouco para dentro da organização.
Assumem-se portanto mais como facilitadores de estratégias do que propriamente “business advisors”. Escusado será dizer que são os consultores e os profissionais das agências/consultoras de comunicação o segmento que mais se sente influenciador e participante nas estratégias das organizaçãoes. Contudo e no geral, os profissionais sentem que o seu papel de influenciador e conselheiro de confiança tem vindo a crescer.
Na perspectiva da evolução profissional, não deixa de ser curioso e significativo que, logo a seguir à formação, o networking seja encarado como uma das vertentes mais importantes no desenvolvimento pessoal e profissional. Está assim mais que justificado o crescente interesse dos profissionais pelo associativismo – em Portugal, os profissionais juntam-se em torno da APCE – e, também, pelos encontros mais informais que estão a ter grande adesão, os PR After Work dinamizados pelo Rodrigo Saraiva.
Agradeço ao Rui Martins, Coordenador Regional para Portugal da EACD, a disponibilização do estudo.