Compreendo a tentação e a oportunidade de comparar o “Caso do Fórum TSF” de ontem ao famoso “Caso Ensitel”. Anima as hostes e tem uma palavra-chave-mágica.
Mas é um exercício fácil apenas na aparência. É difícil separar a análise de gestão de crise da análise político-mediática.
Conheço bem os fóruns TSF, seguidos maioritariamente por dever profissional. Quem conhece, sabe que são, salvo raras excepções, duas penosas horas em que convulsamos entre o desabafo pessoal, o ódio irracional e, mais raramente, o registo apologético – qualquer que seja o tema.
Posto isto, o que é que a “enxurrada” de panegíricos a José Sócrates e ao PS (que não ouvi, mas li relatos) tem a ver com o caso Ensitel? Nada.
Recordando:
– A Ensitel processa uma blogger e obriga-a a retirar posts do seu blog
– Depois de milhares de comentários negativos na sua página do facebook, aos quais não dá resposta, a Ensitel decide apagar todos os posts.
– Uma semana mais tarde, vem pedir desculpa e retira a acção contra a blogger.
O caso Ensitel tornou-se portanto um case study exactamente pela má gestão da crise nas redes sociais.
No caso deste Fórum TSF, a polémica foi gerada pela dúvida levantada – pelo outro lado da “barricada” – quanto à isenção da estação de rádio e eventual “filtragem” de opinião. E essa polémica foi debatida, essencialmente, porque naturalmente, nas redes sociais, nomeadamente no Facebook.
Quanto a tudo o resto, qualquer comparação é mero oportunismo. Aparentemente, os comentários estão a ser postados livremente na página do facebook da TSF e o director da estação, Paulo Baldaia, comunicou na mesma página o seu esclarecimento, logo que a polémica “rebentou”.
O “Caso do Fórum TSF” devia ser um case study, mas não de gestão de crise nas redes sociais.
Também publicado ontem aqui.
Comparação pateta, de facto, para além de imensamente injusta